domingo, 5 de outubro de 2008

< NUMA RELAX NUMA TRANQUILA NUMA BÔOOOA >


O produtor musical, jornalista, escritor, empresário, um dos ex-maridos da Elis Regina (tinha que falar essa né), Nelson Motta, começa assim essa linda, divertida e emblemática bibliografia de Tim Maia...

“Minha filha ganhou um gatinho e contei a Tim que ela ia dar o seu nome ao bicho. Ele adorou: “Já sei, porque é preto, gordo e cafajeste!” o gato era cinzento, magrinho e carinhoso, e só nos deu amor e alegria.”

A sua memória

N.M

Depois de ler e sorrir durante horas com, Vale Tudo: o som e a fúria de Tim Maia, cheguei a conclusão que a bibliografia escrita por Nelson Motta é leitura obrigatória para os voltados a produção cultural. Mais do que escrever sobre a vida de Tim do Brasil, o autor relata passagens históricas e, a sua forma, nos coloca em contato com o nascimento de muitos artistas e movimentos artísticos do Rio de Janeiro.

Posso citar exemplos como a amizade tijucana dos jovens Erasmo Carlos, Babulina (Jorge Ben) e Sebastião Rodrigues Maia, ou deixe-me ver, uma seca de maconha histórica onde a origem da gíria “Veneno da Lata” é explicada, os shows de black music nos clubes da periferia durante os anos 70, a razão de sua ausência um show que aconteceria aqui em Fortaleza e tantas outras curiosidades.

Separei uma passagem do livro que fala um pouco das muitas histórias e casos que formam a fama de Tim Maia do Brasil, espero que curtam...

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- Tim geralmente faltava a shows porque estava derrubado pelo que chamava de triatlon – uma maratona de uísque, cocaína e maconha.-- Muitas vezes, mesmo em condições precárias, ele estava até com vontade de cantar, mas não havia mais voz nem pra dar boa-noite. Outras vezes, raras segundo ele, faltava simplismente pra sacanear o contratante, com especial predileção por Chico Recarey, do Scala. Temporada era um perigo: Tim ficava tão feliz com a estréia que promovia um triatlon comemorativo com os amigos no camarim até amanhecer. E no dia seguinte não tinha voz nem show.

Não foi o caso de sua primeira temporada na luxuosa e breguíssima casa de oitocentos lugares de Recarey, no Leblon. Foi bem pior.

“Tibério Gaspar, eu vou estrear lá no Scala e você esta convidado. Mas não vai no dia da estréia não, porque os convites que o Recarey me deu são para a minha família, que é enorme. Você vai na sexta, tá?

Tim estreou com casa lotada e sucesso estrondoso. Tibério ficou sabendo quando telefonou no dia seguinte para confirmar o convite.


“Mas acho melhor tu não ir não...porque eu não vou. Vou dar uma castigada no Chico Recarey.”

“Mas o que houve? O som tava ruim? Ele não te pagou?


“ Ô Tibériogaspar, ele colocou os convidados dele na primeira fila, todo mundo bonito, perfume francês, dentes lindos, maravilhosos, cascata de camarão, champanhe e o caralho a quatro. E o meu pessoal ele botou lá atrás, perto da cozinha, tomando cerveja quente. Eu achei isso uma sacanagem e vou a forra, esse filho-da-puta vai me pagar. Vai no sábado.”

No sábado, Tim ligou para o Tibério as gargalhadas, contando o sucesso da sua operação punitiva e confirmando o convite para o show a noite.

Fica a dica sugestão....


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