quarta-feira, 15 de julho de 2009

< ENTREVISTA COM BABUÊ >



A noite é quente em Fortaleza, o relógio de rua visto da minha janela registra 28C (não sei fazer a bolinha do grau)... Não acredito, aqui dentro do quarto está certeza mais quente. O Flamengo recebe daqui a alguns instantes os Porcos do Parque Antártica, estou sentindo que hoje a estrela do Imperador irá brilhar novamente no maior do mundo.

``Vaaaaaamooooowww Flameeeennnngooooooo, vamo ser campeãoooooo, Vamo flamengowwww...

Olho meus e-mails, respondo aqui, mando dali, o ventilador continua a soprar... Na primeira sexta feira de julho encontrei, em pleno show do Moptop no Hey Ho, o manager / produtor / DJ BabuÊ... O cara que está com sua faculdade de jornalismo trancada (puta que pariu!!! Lembrei do meu diploma!!!) e atualmente é gerente do Hey Ho Rock bar, o pico mais importante e alternativo da cena rock local.

Trocamos idéia, ganhei o Dead Pop - da Plastique Noir, combinamos uma entrevista com o próprio rapaz e uma resenha do cd foi prometida (essa semana sai, eu juro!)... Os caminhos novamente se cruzaram com oportunidade temporal... Eis um bate-papo sobre opiniões e vivências relacionadas a cena alternativa local, com Mister Baboo... Um homem de peso e principalmente de atitude, na reimosa cena alternativa local...

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Maxu, pra quem não te conhece... Quem é o Babuu?

DJ Babuê [de Sade] diz:

Cara, meu nome é Rafael Lucena, mas Babuê é um apelido de longa data... Acabou virando marca registrada tb ... usei como nome da produtora, que na verdade sou eu tb heheh

E como começou esse seu lance de Produção? Ou o dj veio primeiro?

DJ Babuê [de Sade] diz:
Dj veio primeiro...começou assim, em 2005, mais precisamente em agosto comecei a fazer eventos no extinto Noise3d Club, como DJ Babuê....De lá pra cá começaram as bandas, eventos maiores e agora a gerência do Hey Ho

Hoje você produz a Plastique Noir... Que conclusão você tem tirado dessa onda de produzir bandas alternativas em Fortaleza?

DJ Babuê [de Sade] diz:
Pois é... Comecei com eles, com a Plastique Noir, começamos praticamente juntos, eu com a festa Dança das Sombras e eles com a banda... Aí veio outras...Hoje produzo: RoadSider, My Fair Lady, Plastique Noir e Desidéria... Bom, a conclusão é a de que fazemos muito mais por amor mesmo...por gosto....

É ilusão achar que vai ganhar muita grana ou ficar rico... Pagar as contas já é um sonho heheheh... Mas vale a pena, é gratificante demais. Confesso... Se apenas com a banda rolasse sustentabilidade, eu largaria tudo e viajaria o mundo com eles

Mas então, o que projetar de futuro das produções locais? Existe futuro aqui em fortaleza?

DJ Babuê [de Sade] diz:
Cara, a questão não é futuro... é potencial... Fortaleza tem um potencial enorme de bandas boas e com qualidade gringa... O que a pessoas precisam aceitar é a capacidade de "celeiro musical" que a cidade tem aqui mesmo, depois que você rodar o circuito Praia de Iracema -Centro - Periferia, cabou-se

Futuro existe se a banda souber investir pra fora... myspace, cantar em inglês bem, essas coisas...se preocupar em ser o mais profissional possível saca?


E o que poderia ser dito pra quem tá começando um novo projeto? Já que o circuito, na sua opinião, anda limitado?


DJ Babuê [de Sade] diz:
Cara a questão não é bem limitação, é cíclica, é um ciclo saca? Eu diria assim: - Invista, se é isso que vocês querem, vão fundo! Agora, o principal, se profissionalizar...

DJ Babuê [de Sade] diz:
Aqui as bandas ainda levam a coisa muito na brodagem, na amizade...tocar pro amigos é fácil, difícil é tocar pra público de fora, pra críticos... e esse tipo de mentalidade que precisa mudar, as bandas enxergarem as coisas com mais profissionalismo mesmo

Sobre a cena rock/altenativa... O que o Baboo poderia dizer depois dos anos de experiência, alguma conclusão?...

DJ Babuê [de Sade] diz:
Cara, a cena tem melhorado bastante... Algumas bandas entenderam o lance de se profissionalizar, outras migraram pra São Paulo ou Rio, mas a coisa tem melhorado bastante

DJ Babuê [de Sade] diz:
Veja bem, temos 3 grandes festivais filiados a ABRAFIN só em Fortaleza -Ponto.CE, Forcaos e Feira da Música - acho q isso nem existe em outros estados. Então, local e chance de se apresentar não falta, o lance é saber como chegar lá

DJ Babuê [de Sade] diz:
O lance é conhecer as pessoas certas, andar nos shows, as bandas daqui são muito assim, "artistas". A galera se acha tão artista que não anda em show...banda fora do palco é público... Falta isso!... Falta a galera das bandas ir ver os shows....participar mais das coisas, existem muitas coisa boas acontecendo aí...nunca se viu antes: RedeCEM, Casas Associadas do Ceará.... Nosso grande parceiro tem sido o SEBRAE




È, mas o Ponto.CE e o ForCaos as vezes não pagam cachê pra ninguém local... É tudo na brodagem... Isso não ajuda nadinha no profissionalismo...


DJ Babuê [de Sade] diz:
Sobre cachês é relativo... O Forcaos já pagou cachê, sempre que pode, eles pagam, o que acontece muitas vezes é assim... Quando o festival não tem $ pra pagar cachê, ele oferece uma contrapartida em mídia e estrutura pras bandas, saca? Pq os custos são muito altos... Estrutura, mídia, divulgação, tudo isso custa caro...

O certo seria os produtores colocarem os cachês (mesmo que pouco) como programação financeira dos eventos... Mesmo que simbólico, 200 contos ajuda já a pagar uma gasosa, um rango, um ensaio...

Não entendo isso direito não, pois não acredito que as bandas possam crescer, sem serem remuneradas... Uma coisa que sempre escuto e escutei, até hoje mesmo o André (monophone) e o Zú (alegoria da caverna) estavam falando... O público daqui não curte sair de casa pra ver uma banda local e muitas vezes até de fora... Como mudar essa valorização do autoral? Enxerga uma luz? ou tem alguma solução? Sei la porra, ou você discorda dessa idéia?

DJ Babuê [de Sade] diz:
Eu concordo que as bandas devam ser remuneradas sim... Todos tem custos a pagar, mas cara, a cidade está infestada de covers/tributos e é fato que as pessoas preferem pagar pra ver o que já conhecem, escutar hits... Isso é assim em quase todo canto, formar platéia é sempre um desafio pras bandas autorais, o lance é se divulgar pesado...tocar sempre que puder, aparecer na mídia, lançar cd...entende?

DJ Babuê [de Sade] diz:
Estar sempre em destaque... Procurar ser notada...``quem é visto é sempre lembrado´´... e eu concordo que a coisa caiu muito...Antes vc via shows de bandas como Vulcani, Capones e Switch Stance lotados! Galera comprava cd, cantavas as letras... Hoje em dia me diga uma banda local (autoral) que coloca mais de 100 pessoas numa casa?

E ao que você atribui isso? a mutação...

DJ Babuê [de Sade] diz:
Rapaz... Não sei ao certo...tempos modernos? Internet? Marasmo mesmo?... Eu vejo um público apático, sem interesse de ir aos shows, talvez falta de divulgação? não sei ao certo mesmo...

Tambem não sei, mas sei que material humano, eu percebo que tem.... Diante desse diagnóstico, você como produtor de banda e ventos alterntivos, qual é o maior desafio?

DJ Babuê [de Sade] diz:
Rapaz...acho q é manter uma regularidade, as bandas daqui tendem a ser assim: aparecem, lançam cd, fazem shows, quando tão decolando, acabam e hehehe

é eu ja vi esse filme algumas vezes...

DJ Babuê [de Sade] diz:
Ou é só sair algum integrante e a coisa sempre desanda, o desafio é esse mesmo... Regularidade...devagar e aos poucos é que se chega longe. Eu noto que tem gente com pressa da fama, tem banda daqui que sai na capa do Vida e Arte(OPovo) e acha que no outro dia o Bonadio (Arsenal Music) vai ligar e contratar hehehehehe... não é por aí... é trabalho de pedreiro mesmo...de formiguinha, um dia de cada vez...um passo de cada vez, saca?

Rapaz e o 369, poooorra brother, que tristeza... menos um espaço na cidade, lembro que você tocava a parada na firmeza, sempre com ótimas atrações e programação....

DJ Babuê [de Sade] diz:
Pois é... Uma pena que fechou, parece que rolou divergências internas... não sei ao certo.... Mas era um espaço que já estava se firmando como alternativo...

Pois é man, Fortaleza carece demais de espaços... Pra finalizar... O que o futuro nos revela sobre as produções independentes e alternativas da Babuê Productions?

DJ Babuê [de Sade] diz:
Cara, atualmente o Hey Ho tem tomado muito meu tempo, mas sempre que posso faço algo lá mesmo, como a festa Pin Up´s Party...que foi um sucesso na primeira edição e tem agora dia 25 de novo


Olha o merchan Baboo


DJ Babuê [de Sade] diz:
Ainda quero fazer a Dança das Sombras Especial de 4 anos, lá pra outubro, mas to vendo ainda...e por fim, uma idéia fixa que ainda vou fazer é o Zé do Caixão aqui, não desisto nunca heheheh

Iradíssimo, valeu mesmo pela entrevista e por movimentar um dos nichos da cena alternativa da cidade, tá de parabéns total... Uma última mensagem pros visitantes do apasseio.blogspot.com?


DJ Babuê [de Sade] diz:
Keep on rockin dudes!


Papocaaaaaaaaa!!!




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